Indubitavelmente um dos fatores que caracterizam de modo mais decisivo os dias atuais são as novas relações do homem no espaço e no tempo. Essas transformações são marcadas especialmente pela ruptura da concepção do tempo como uns transcorrer com passado, presente e futuro, ou seja, como história que tem um fio condutor que liga o hoje ao ontem ao projeto para o amanhã.
Para compreendermos a difícil relação do homem contemporâneo com o tempo apresentamos dois conceitos desenvolvidos por Fraser (1991) em seu acurado estudo sobre o tempo.
O primeiro se refere ao que se pode chamar do tempo especificamente humano e que o autor define como a nootemporalidade. É a concepção de que “os seres humanos são diversos de todas as outras espécies porque são capazes de compreender o mundo nos termos de um futuro e de um passado distantes, e não somente nos termos das impressões sensoriais do presente.”[1] Em outras palavras é o tempo visto como um percurso que o homem faz rumo a um objetivo que é seu mas que é maior que ele mesmo e do qual cada um contribui a seu modo. E no seu transcorrer a consciência deve estar entrelaçada com o passado para viver e transformar melhor o presente.
O segundo conceito é chamado de sociotemporalidade. Ele se refere ao modo como um grupo social gere o tempo. É “a socialização do tempo que se exprime na sincronização e na planificação das ações coletivas sem as quais nenhuma sociedade pode existir.”[2] Ou seja, o tempo das pessoas que vivem e trabalham em sociedade bem como de todas as ações coletivas do grupo chamado de “socialização do tempo.” É ainda “a criação e a manutenção dos sistemas de valores que guiam a conduta dos membros de uma sociedade, e que devem a sua autoridade a história e aos projetos do grupo...”[3]
A sociotemporalidade ou o tempo social é marcado pelo presente social. O presente social é o tempo necessário que permite as pessoas de um determinado grupo agirem de comum acordo. Ele é determinado pela comunicação que perpassa os membros do grupo e a sua amplitude depende dos recursos disponíveis para fazer chegar a todos determinada mensagem. Não requer esforço perceber que o presente social da sociedade atual é radicalmente diverso daquele em que para comunicar a morte de um membro da comunidade se usava certo tipo de ritmo do sino.
É preciso fazer notar a importância vital do tempo social para qualquer grupo sem o qual não há uma vida social propriamente dita e muito menos um mínimo de homogeneização necessária para a continuidade do grupo. Quer dizer que “a sociotemporalidade é tanto mais desenvolvida na vida das pessoas que fazem parte de uma sociedade quanto mais essas são em relação. Mais a sociotemporalidade é desenvolvida mais os estilos de vida, os valores e as condutas das pessoas tornam-se homogêneas.”[4]
O que se percebe hoje em dia é que os meios de comunicação modernos se tornaram os agentes principais de socialização. Não é mais como um tempo quando a família, a escola e a igreja eram as instituições que dividiam o bolo das informações que se poderia ter acesso. Na verdade a sociedade midiática rompeu com uma característica fundamental dos processos de socialização típica antes do advento desta: a presença física. Antes cada tipo de informação era veiculada num ambiente especifico e fora dele era muito difícil ter acesso a elas. Em todos os períodos históricos anteriores ter acesso a “dois acontecimentos que acontecem ao mesmo tempo pressupunha um lugar físico em que os indivíduos pudessem experimentar a contemporaneidade. O ‘ao mesmo tempo’ implicava o ‘no mesmo lugar’.”[5] Além disso, esse tipo de situação permitia a separação clara entre classes e faixas etárias. Por exemplo, as crianças não tinham acesso ao mundo das informações dos adultos. Com a ruptura da ligação entre colocação física e situação social, “a mídia eletrônica pode começar a confundir a identidade de grupo precedentemente separada, permitindo aos indivíduos de fugir informativamente aos grupos ancorados a um lugar definido e deixando que os estranhos invadem muitos territórios de grupo sem nem mesmo neles entrar.”[6] Dali é fácil concluir que não muda somente a velocidade com as quais as pessoas podem ter acesso as informações, mas também que seus efeitos são perniciosos para a identidade.
O termo fragmentação é constantemente apresentado nas bibliografias que tratam da pós-modernidade como um dos elementos que a caracterizam. De fato a fragmentação é perceptível no mundo das ciências, passando pela educação e pela política até desembocar na ética. Mas é evidente que a fragmentação do tempo joga nisso tudo um papel decisivo. Não se pode dizer que sejam processos indiferentes no sentido que correm paralelamente, porém se fosse possível imaginar uma sociedade em que as pessoas concebessem o tempo como história, sem dúvida os efeitos das outras não seriam tantos e nem mesmo atingiriam níveis tão elevados.
A fragmentação do tempo no mundo contemporâneo ou se preferirmos a redução do tempo a um simples suceder de presentes insere o sujeito num mundo do qual não se sente em condições de governar sua vida pautada em projetos que se fundamentam em valores. Isso porque cada momento oferece as suas exigências peculiares que não raras vezes estão em contradição com o momento anterior. Além disso, viver o momento significa exaurir-lhe todas as possibilidades sob o ponto de vista do prazer, da emoção e do consumo.
O avanço das tecnologias de informação provocou conseqüências não somente na vida prática das pessoas. Influenciou de maneira decisiva a relação do homem com tempo – passado, presente e futuro – a tal ponto que não consegue mais encontrar nele um sentido muito menos uma linha identitária que lhe confira unidade.
A redução do tempo social devida às diversas possibilidades de interação em tempo real oferecidos pelos meios de comunicação – principalmente internet e televisão – criam a “superabundância de eventos.” Na era da comunicação o sujeito quanto mais for imerso nessa rede mais tem acesso a informações e acontecimentos em todos os cantos do mundo. Essa sobrecarga de mensagens que aparecem simultaneamente não permite que sejam elaboradas. Criam uma verdadeira confusão no indivíduo. Porque, por exemplo, ao mesmo tempo em que chega a notícia de um amigo que morreu, pode estar se comunicando com um outro em outra parte do mundo que conta o sucesso obtido na conclusão da sua vida universitária.
Marc Augè que desenvolve essa idéia do excesso na pós-modernidade afirma que “a dificuldade de pensar o tempo deriva da superabundância de acontecimentos do mundo contemporâneo (...). Da nossa exigência de compreender todo o presente que deriva a nossa dificuldade de dar sentido ao passado próximo.”[7] Ou seja, a pessoa é sufocada com um tal número de informações a serem entendidas que não consegue desprender-se do presente e muito menos compreender e atribuir um sentido a elas bem como a história. O autor estende sua análise do excesso do tempo também para a categoria do tempo. O excesso do espaço “é correlato ao restringimento do planeta (...). Mas, ao mesmo tempo, o mundo se abre a nós.”[8] Esse paradoxo se poderia explicar dizendo que em relação a outras épocas a compreensão de mundo hoje é definida e precisa ( como um espaço finito). Por outro lado a possibilidade de deslocamento real e/ou virtual é praticamente ilimitada. Estima-se que num futuro próximo será possível fazer uma viagem de Londres a Sidnei em aproximadamente três horas. Tudo isso graças ao desenvolvimento do chamado turismo espacial. As naves, para encurtar a distancia, saem da atmosfera e retornam a ela exatamente no lugar desejado reduzindo assim substancialmente o tempo da viagem. Paradoxalmente, enquanto o espaço se estende ao globo inteiro o tempo se restringe sobre o presente.
Hoje o ritmo do tempo das pessoas é ditado não tanto por suas opções livres e com base em seus valores. O ritmo de trabalho, principalmente das sociedades mais industrializadas, não permite que as pessoas organizem seu tempo, mas devem submeter-se a jornadas frenéticas e cansativas. Isso acaba por reduzir também a qualidade do tempo fora do trabalho que muitas vezes se reduz ao “consumo” de informações e imagens na televisão ou internet ou então, em atividades de lazer como festas, consumo de álcool e até mesmo droga. Além disso, o tempo considerado bom é aquele em que se pode consumir, e o tempo ruim é o tempo do trabalho (visto como um mal necessário para ter acesso aos bens de consumo) ou então não ter nada pra fazer.
A partir disso podemos perceber que as pessoas vivem um cotidiano privado de sentido. O dia-a-dia do trabalho não é visto como um espaço de realização e como uma contribuição para o melhoramento do mundo. Vive-se a espera de um final de semana para extravasar todas as tensões produzidas não somente pela exigência do cotidiano, mas exatamente porque nele não se percebe o ser real valor que é o de realizar a pessoa como um projeto na história.
O apego exagerado ao presente se expressa na absolutização da máxima de “viver cada instante e cada dia como se fosse o último.” É a idéia muito presente nos jovens hodiernos de aproveitar ao máximo o que cada instante pode oferecer de prazeroso porque o “amanhã nunca se sabe.” O futuro lhe é apresentado como uma ameaça que provém da insegurança, da violência, da falta de empregos. Portanto, não resta alternativa que não desfrutar o presente com tudo que ele possa oferecer sem se preocupar com o passado e muito menos com o futuro.
No campo da eticidade o império do presente apresenta graves conseqüências que compromete sobretudo a subsistência das gerações vindouras. Exatamente porque o homem moderno não se sente responsável pela herança que deixará aos futuros habitantes da casa comum, a Terra, da qual todos são inquilinos e não donos. O ser humano comporta-se como um meteoro rasante que pode destruir vastas extensões de natureza. A missão do ser humano é ser o jardineiro do Éden, que cuida, que faz crescer e protege. Criar essa sensibilidade de ser o “cuidador” do universo e de si mesmo se constitui em um dos maiores desafios de todo e qualquer projeto educativo e pastoral.
[1] FRASER J. T., Il tempo una presenza sconosciuta, 17.
[2] POLLO Mario, Animazione Culturale, 37.
[3] FRASER J. T., Il tempo una presenza sconosciuta, 187
[4] POLLO Mario, Animazione Culturale, 37.
[5] JEDLOWSKI Paolo, Un giorno dopo l’altro: la vita quotidiana fra esperienza e routine, Bologna, Il Mulino, 2005, 68.
[6] MEYROWITZ Joshua, Oltre il senso del luogo: come i media elettronici influenzano il comportamento sociale, Baskerville, Bologna, 1995, 93
[7] AUGÈ Marc, Nonluoghi. Introduzione a uma antropologia della surmodernità. Eléuthera, Milano 1996, 32 e 33
[8] Ivi, 33
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Ser criança...
Estou repetindo o post do dia da criança do ano passado... mas ele me diz tanto que vale a pena ver de novo
Voces dizem
È cansativo estar com as criancas. Voces tem razao.
E acrescentais:
Porque é preciso colocar-se no nivel delas, abaixar-se, inclinar-se, curvar-se, fazer-se pequeno
Ora, voces erraram!
Nao é isso que mais cansa
È antes o fato de sermos obrigados a elevar-nos até a altura dos sentimentos delas
Esticar-se, alongar-se, levantar-se na ponta dos pés.
Para nao feri-las...
Janusz Korczak
O autor é um pediatra polaco que nasceu em Varsovia em 1878 e morreu no ano de 1942 no campo de exterminio de Treblinka, junto com duzentas criancas do orfanatrofio dirigido por ele.
Voces dizem
È cansativo estar com as criancas. Voces tem razao.
E acrescentais:
Porque é preciso colocar-se no nivel delas, abaixar-se, inclinar-se, curvar-se, fazer-se pequeno
Ora, voces erraram!
Nao é isso que mais cansa
È antes o fato de sermos obrigados a elevar-nos até a altura dos sentimentos delas
Esticar-se, alongar-se, levantar-se na ponta dos pés.
Para nao feri-las...
Janusz Korczak
O autor é um pediatra polaco que nasceu em Varsovia em 1878 e morreu no ano de 1942 no campo de exterminio de Treblinka, junto com duzentas criancas do orfanatrofio dirigido por ele.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
O pobre e a pobreza, eu e a certeza (segurança)...

Nos dias 26 a 29 de julho um grupo de professoras da Rede La Salle concluiu seu programa de formacao. E o desafio era de construir um projeto de vida fazendo uma experiencia de insercao com os pobres. A casa escolhida foi o CEPA (Centro de Espiritualidade Padre Arturo) do bairro Santa Marta em Sao Leopoldo.
A mim coube a nobre missao de coordenar esse retiro. Nao foi um retiro na acepcao tradicional do termo - uma "fuga mundis" - mas ao contrario um mergulho no mundo do pobre.
Entre as muitas aprendizagens gostaria de partilhar apenas uma:
Eh impressionante como nos - os nao pobres - temos dificuldades para entender os pobres. Estou convencido de que grande parte dessa dificuldade provem das nossas certezas e segurancas. Certeza de que nao vai faltar luz, agua, comida, escola, roupa, internet, chuveiro eletrico, dinheiro... certeza de quando chove a casa nao alaga, a goteira nao aparece e o sapato nao vai sujar de barro...
Nao seriam as nossas segunrancas as responsaveis pela imcompreensao e julgamentos que fazemos do pobre? Por isso para "quebrar esse paradigma" nada melhor do que fazer a experiencia que o pobre faz com frequencia. Foi isso que tentamos fazer nesse fim de semana...
Cada um teve que se desarmar, abrir mao de suas certezas e segunrancas e mergulhar no mundo do pobre e da pobreza...
quinta-feira, 5 de junho de 2008
CARTA AO INQUILINO
Senhor morador!
Gostariamos de informar que o contrato de aluguel que acordamos ha bilhoes de anos atras esta vencendo. Precisamos renova-lo, porem temos que acertar alguns pontos fundamentais:
1. Voce precisar pagar a conta de energia. Esta muito alta! Como voce gasta tanto?
2. Antes eu fornecia agua em abundancia, hoje nao disponho mais desta quantidade. Precisamos renegociar o uso.
3. Porque alguns na casa comem o suficiente e outros estao morrendo de fome, se o quintal é tao grande? Se cuidar da terra vai ter alimento para todos! (Hoje no mundo, ha 820 milhoes de pessoas passando fome; entre elas, 178 milhoes de criancas, conforme dados da FAO de 05/06/08)
4. Voce cortou as arvores que dao sombra, ar e equilibrio. O sol esta quente e o calor aumentou. Voce precisa replantar novamente!
5. Todos os bichos e as plantas do imenso jardim devem ser cuidados e preservados. Procurei alguns animais e nao os encontrei. Sei que quando aluguei a casa eles existiam...
6. Precisam verificar que cores estranhas estao no ceu! Nao vejo o azul!
7. Por falar em lixo, que sujeira, hein??? Encontrei objetos estranhos pelo caminho! Isopor, pneus, plasticos...
8. Nao vi os peixes que moram nos rios e lagos. Voces pescaram todos? Onde estao?
Bom, é hora de conversarmos. Preciso saber se voce ainda quer morar aqui. Caso afirmativo, o que voce pode fazer para cumprir o contrato?
Gostaria de ter voce sempre comigo, mas tudo tem um limite.
Voce pode mudar?
Aguardo resposta e atitudes.
Sua casa, A TERRA
Gostariamos de informar que o contrato de aluguel que acordamos ha bilhoes de anos atras esta vencendo. Precisamos renova-lo, porem temos que acertar alguns pontos fundamentais:
1. Voce precisar pagar a conta de energia. Esta muito alta! Como voce gasta tanto?
2. Antes eu fornecia agua em abundancia, hoje nao disponho mais desta quantidade. Precisamos renegociar o uso.
3. Porque alguns na casa comem o suficiente e outros estao morrendo de fome, se o quintal é tao grande? Se cuidar da terra vai ter alimento para todos! (Hoje no mundo, ha 820 milhoes de pessoas passando fome; entre elas, 178 milhoes de criancas, conforme dados da FAO de 05/06/08)
4. Voce cortou as arvores que dao sombra, ar e equilibrio. O sol esta quente e o calor aumentou. Voce precisa replantar novamente!
5. Todos os bichos e as plantas do imenso jardim devem ser cuidados e preservados. Procurei alguns animais e nao os encontrei. Sei que quando aluguei a casa eles existiam...
6. Precisam verificar que cores estranhas estao no ceu! Nao vejo o azul!
7. Por falar em lixo, que sujeira, hein??? Encontrei objetos estranhos pelo caminho! Isopor, pneus, plasticos...
8. Nao vi os peixes que moram nos rios e lagos. Voces pescaram todos? Onde estao?
Bom, é hora de conversarmos. Preciso saber se voce ainda quer morar aqui. Caso afirmativo, o que voce pode fazer para cumprir o contrato?
Gostaria de ter voce sempre comigo, mas tudo tem um limite.
Voce pode mudar?
Aguardo resposta e atitudes.
Sua casa, A TERRA
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Rezar pra chover...
Por la o povo aspirava ardentemente por chuva pois toda a regiao depende da producao agricola. Ao participar da Celebracao da Palavra no domingo pela manha me chamou atencao o numero de vezes em que se rezou "para uma boa chuva". E como se nao bastasse o evangelho era o da Samaritana, entao parecia que tudo calhava pra esse apelo incessante de agua - no sentido literal - assim como fez a samaritana.
Fiquei muito bem impressionado com a fé da comunidade. Com o modo como foram dirigidos esses apelos a Deus. Mas algo em mim dizia que o foco da oracao nao deveria ter sido Deus, em primeira pessoa...
Li na Biblia, no me lembro direito em qual livro, que Deus faz chover sobre justos e injustos. Conversei com muitas pessoas da regiao e algumas diziam que a chuva era urgentissima... outras diziam que chovia regularmente. No meu modo de ver todos poderiam ser enquadrados na categoria justos, no entanto a chuva para alguns faltava... Porque Deus teria preferido uns e deixado fora outros? Tava ele querendo testar a fé? Ou Ele viu alguma coisa que nao gostou e se vingou deixando eles na seca?
Essas perguntas sao sem sentido. Nao sao nem mesmo retoricas...
Estou convencido que o problema da falta de chuva nao é um problema de Deus. Ele criou o mundo e criou o jardineiro e a sua companheira pra cuidarem (conhecem o mito do cuidado??)... é por isso que eu penso que se deveria rezar mais pelo zelador do jardim do que pelo criador dele... Se falta a chuva, se o rio ta poluido, se o sol da cancer de pele é porque falta cuidado com o mundo...
Nao é um problema teu, meu ou do vizinho: é nosso. é um pecado da humanidade!!!
Se eu entendi bem as primeiras paginas do Genesis, depois da criacao a chuva ou a sua falta é um problema nosso...Concentremos, portanto, nossas oracoes na recuperacao da dimensao do cuidado que caracteriza cada ser humano.
Se vc é de acordo, releia aquelas paginas e poste aqui seus comentarios...
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Arrivederci, Roma...
Arrivederci Roma
Renato Rascel
Renato Rascel
T'invidio turista che arrivi,
t'imbevi de fori e de scavi,
poi tutto d'un colpo te trovi
fontana de Trevi ch'e tutta pe' te!
Ce sta 'na leggenda romanalegata
Ce sta 'na leggenda romanalegata
a 'sta vecchia fontanaper cui se ce butti un soldino
costringi er destino a fatte tornà.
E mentre er soldo bacia er fontanonela tua canzone in fondo è questa qua!
E mentre er soldo bacia er fontanonela tua canzone in fondo è questa qua!
Arrivederci, Roma...Good bye...au revoir...
Si ritrova a pranzo a Squarciarelli
fettuccine e vino dei Castelli
come ai tempi belli che Pinelli immortalò!
Arrivederci, Roma...Good bye...au revoir...
Si rivede a spasso in carozzella
e ripenza a quella "ciumachella"
ch'era tanto bellae che gli ha detto sempre "no!"
Stasera la vecchia fontanaracconta la solita luna
Stasera la vecchia fontanaracconta la solita luna
la storia vicina e lontanadi quella inglesina col naso all'insù
Io qui, proprio qui l'ho incontrata...
Io qui, proprio qui l'ho incontrata...
E qui...proprio qui l'ho baciata...
Lei qui con la voce smarritam'ha detto:"E' finita ritorno lassù!"
Ma prima di partire l'inglesina
Ma prima di partire l'inglesina
buttò la monetina e sussurrò:
Arrivederci, Roma...Good bye...au revoir...
Voglio ritornare in via Margutta
voglio rivedere la soffitta
dove m'hai tenuta stretta stretta accanto a te!
Arrivederci, Roma...Non so scordarti più...
Arrivederci, Roma...Non so scordarti più...
Porto in Inghilterra i tuoi tramonti
porto a Londra Trinità dei monti,
porto nel mio cuore i giuramenti e gli "I love you!"
Arrivederci, Roma...Good bye...au revoir...
Mentre l'inglesina s'allontana
un ragazzinetto s'avvicinava nella fontana
pesca un soldo se ne va!Arrivederci, Roma!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Das coisas que aprendi...
Essa semana fecha um ciclo de dois anos e meio aqui na Italia. Durante todo esse tempo frequentei a Universidade Pontificia Salesiana para obter o titulo de Mestrado em Educacao com especializacao em Pastoral Juvenil... Morando em uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, como Roma, e havendo a possibilidade de conhecer outros paises é obvio que as aprendizagens ultrapassam a academia... A seguir alguns fragmentos desordenados de algumas coisas para mim muito importantes...
A primeira coisa que aprendi é que aqui não existe Mestrado como nos entendemos no Brasil. Existe a “Licenza” que corresponde, mais ou menos, ao Mestrado no Brasil...
Aprendi que Roma é uma cidade lindissima, (bem como toda a Italia) e que se torna ainda mais bela na medida em que conhece melhor a historia e na medida que o nosso olhar vai se convertendo...
Aprendi, com a ajuda de Tomas Luckmann, que a Europa é secularizada mas o europeus não. Quer dizer, a religiao é cada vez mais invisivel mas a dimensao religiosa do homem continua viva.
Aprendi que a Europa esta mundando de rosto, um rosto ainda não delineado... e que a causa pode de alguma maneira ser explicada ao egoismo generacional aliado ao grande numero de imigrantes asiaticos, africanos e latino-americanos...
Aprendi que são muitos os caminhos que levam ao Vaticano. E da onde eu morava qualquer um que eu escolhesse não demorava mais de 17min de caminhada... Mas são cada vez mais tortuosos e estreitos os caminhos do Vaticano até mim...
Em contato com pessoas de todos os continentes aprendi que os meus absolutos podem ser relativos para o outro. E que a única forma de realmente encontrar o outro (diferente de mim) é relativizando os meus absolutos (coloca-los entre parenteses). Por outro lado a única forma de viver serenamente nesse mundo (pos-moderno) é tendo valores que estao profundamente radicados em uma comunidade, e que é preciso crer que as instituicoes podem ajudar a mante-los.
Aprendi que todo o nosso saber (conhecimento) é interpretaçao. E que portanto não conhecemos as coisas como elas são, mas já sempre interpretadas e codificadas em uma linguagem carregada de significados profundamente arraigados em um contexto (tempo, cultura, simbolos, valores...).
Aprendi que a religiao não é um problema de Deus. É um fato humano e que a modernidade trouxe a religiao para dentro dos limites do mundo. Isso significa muita coisa, mas poderia ser resumido no seguinte: a religiao somente tera credibilidade e plausibilidade a medida que responder aos problemas do homem (suas angustias, suas dores, suas miserias e suas buscas)...
Aprendi que aquilo que os estudiosos chamam de “mal estar religioso da nossa civilizaçao” tem suas origens no Iluminismo e que somente dois seculos após, com o Vaticano II, surge uma resposta aceitavel. Pena que grande parte da Igreja vive como se não existisse esse Concilio... Por mal estar religioso entende-se o problema de indentidade do homem contemporaneo: se escolhe ser cristao entra em conflito com a modernidade, se opta por ser moderno conflitua com o cristianismo...
Aprendi que Deus é a maneira infinita de ser homem e que o homem é sempre um modo finito de ser Deus. A única forma de se aproximar de Deus é crescer em humanidade.
Aprendi que não se trata tanto de educar para acreditar em Deus mas educar para perceber quanto Deus cre em cada um de nos...
Aprendi que é preciso crer profundamente na juventude especialmente nos contextos de pobreza bem como nos lugares onde os jovens tendem a diminuir numericamente...
Aprendi que tudo o que eu aprendi somente tera valor se eu continuar aprendendo...
Aprendi ainda muitas outras coisas mas as que escrevi aqui me dao sufiencietes razoes par crer e esperar...
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Colono sapiens santocristenses...
Eu, um bipede implume da vasta fauna humana, colorado e santocristense subi hje mais um degrau da escada sapiencial...
Obrigado a todos e a todas que de algum modo estiveram presentes...
Um abracao do,
Moa
PS.: Para os dois ou tres desatentos, santocristense é o adjetivo patrio do sujeito, no caso o colono, que nasce em Santo Cristo.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Universalidade da Universidade
A semana romana foi marcada pelo incidente do "boicote" da ida do Papa a "Università La Sapienza" para a aula inaugural do ano letivo.
Alguns professores e alunos protestaram dizendo que o Papa nao poderia ir a uma universidade leiga, que isso seria a intromissao da Igreja etc e tal.
Moral da historia: o Papa renunciou ao seu discurso.
Teve porem o efeito contrario. Os estudantes catolicos, motivados pela diocese de Roma se mobilizaram e domingo estarao em peso na Praca Sao Pedro, para a oracao do Angelus. Sera uma grande manifestacao de apoio ao Papa, que como se viu na sua ultima aparicao publica estava muito mexido com essa situacao.
Eu tambem estarei la na praca. Nao somente para apoiar o Papa. Mas como um gesto simbolico do que significa para mim a universidade.
A universidade é por definicao aberta, universal e nao pode opor-se a nenhum tipo de pensamento. Pode e deve critica-lo, mas nao sem ouvir, sem conhecer.
Se os professores e universitarios tivessem escutado o discurso do Papa que se tornou publico e muito mais lido com a "censura" teriam honrado o nome UNIVERSIDADE E A SAPIENCIA.
Eh verdade que o Papa, mesmo nao querendo impor a fé, como diz no discurso que deveria ter pronunciado, nunca deixa de falar como Papa. O Papa é Papa e ponto. Eh Papa mesmo quando passeia nos jardins do Vaticano escutando Mozart no seu Ipod Touch Screen...
Mas o Papa de agora é considerado umas das pessoas mais inteligentes e cultas dos 6,6 bilhoes de seres humanos do planeta. Nao querer ouvi-lo nao parece uma atitude inteligente de quem esta na UNIVERSIDADE, ainda mais quando essa se chama "LA SAPIENZA" (A Sapiencia).
Eh por isso que domingo estarei ali, debaixo dessa janela...
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