segunda-feira, 26 de novembro de 2007
O trono
Eu tenho um pouco de dificuldade para acreditar que o trono de Cristo foi a cruz. Nao penso que vendo a cruz de Cristo nessa perspectiva ela nos ajude a compreender a festa que ontem se celebrava.
Para os romanos o trono era o simbolo do poder. Poder era capacidade de decisao e obediencia dos que deveriam obedecer.
Para os cristaos poder rima com servico. Alias seria melhor falar que o evangelho nos ensina isso, pq os cristaos ainda nao entenderam . Pelo menos grande parte deles.
Ontem era o dia de recuperar essa dimensao do sercico, da doacao e da humildade.
Eu penso que o trono de Cristo foi a cadeira em que ele sentou na ultima ceia. Era igual a todas as outras. A diferenca é que nela sentava um homem que antes tinha lavado os pés daqueles que eram seus discipulos...
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Ser crianca: elevar-se ou abaixar-se...
Ontem, 20 de novembro, no Brasil era o dia da Consciencia Negra. Tambem se celebrou a aprovacao da Declaracao dos Direitos da Crianca por parte da ONU ocorrida no ano de 1989.
Celebrando essa data a Secretaria de Estado do Vaticano promoveu um concerto beneficente ao Hospital "Gesu Bambino" de Roma que atende criancas do mundo todo.
Tive ocasiao de participar desse momento unico de requinte cultural que envolveu os 12 mil expectadores com um rio de emocoes. A Banda da Policia Italiana e o grandissimo maestro Ennio Morricone que compos trilhas sonos para 400 filmes foram os grandes nomes. O fio condutor das obras executadas foi a delicadeza, a suavidade e a leveza de ser... que recuperaram em todos os presentes as expressoes genuinas de ser crianca. Mas ser crianca nao é facil... Segue uma poesia que foi interpretada durante o espetacolo e que é mais eloquente de tudo o que eu possa escrever.
Dite:
Voces dizem
è faticoso frequentare i bambini. Avete ragione.
È cansativo estar com as criancas. Voces tem razao.
Poi aggiungete
E acrescentais:
perché bisogna mettersi al loro livello, abbassarsi, inclinarsi, curvarsi, farsi piccoli.
Porque é preciso colocar-se no nivel delas, abaixar-se, inclinar-se, curvar-se, fazer-se pequeno
Ora avete torto.
Ora voces erraram.
Non è questo che più stanca.
Nao é isso que mais cansa
E’ piuttosto il fatto di essere obbligati a innalzarsi fino all’altezza dei loro sentimenti.
È antes o fato de sermos obrigados a elevar-nos até a altura dos sentimentos delas
Tirarsi, allungarsi, alzarsi sulla punta dei piedi.
Esticar-se, alongar-se, levantar-se na ponta dos pés.
Per non ferirli.
Para nao feri-las.
Janusz Korczak
L’autore è un pediatra polacco nato a Varsavia nel 1878 e morto nel 1942 nel campo di sterminio di Treblinka, assieme a duecento bambini dell’orfanotrofio da lui diretto.
O autor é um pediatra polaco que nasceu em Varsavia em 1978 e morreu no ano de 1942 no campo de exterminio de Treblinka, junto com duzentas criancas do orfanatrofio dirigido por ele.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
A BUSCA DA TRANSCENDÊNCIA
1. Contextualização
O Modernismo, iniciado com o Renascimento, provocou uma mudança radical nas estruturas tradicionais a respeito do modo de pensar e de interpretar os dogmas, ritos religiosos, principalmente no catolicismo e no protestantismo.
“[...] O modernismo foi uma crítica radical ao sistema moral da cristandade, ao clericalismo e ao dogmatismo que reinava na Igreja católica. Foi a apreensão das aspirações de uma teologia mais secularizada e da busca de outras formas de organização social e política. Foi também uma busca de libertação e uma tentativa de rompimento com um velho esquema que se solidificou pela integração de paganismo, cristandade e colonialismo.” (Kolling, 1994, p. 14)
Este movimento provocou muitos abalos na fé, pois, segundo Kolling[1], apostou no progessismo. “Curiosamente, todo esse movimento, que na volta ao passado encontrou forças para apontar um outro futuro, o do iluminismo, tornou-se mais tarde, tão totalizador quanto ao sistema da cristandade que motivou seu surgimento” (Kolling, 1994, p. 14).
Como sabemos, todo sistema totalizador oprime e impede a diversidade. E aqueles que são oprimidos partem em busca da libertação e do reconhecimento. Foi justamente o que aconteceu com a Europa, que após “acabar” com a expansão islâmica (Cruzadas), com a ajuda dos católicos, tornou-se “a dona do mundo”, não somente no campo religioso, mas político, econômico e social. Em contrapartida surgem dezenas de ramificações de Igrejas Cristãs “Protestantes” e movimentos contra essa “dominação”. Não objetivamos adentrar nos pormenores dessa temática, apenas contextualizá-la.
As conseqüências éticas-pragmáticas desses movimentos presenciamos ainda hoje em nosso meio, talvez de forma mais intensa. Só que ao contrário daquela época que o opositor era uma instituição, hoje é um sistema. O sistema capitalista neo-liberal. Tudo virou mercadoria: as relações humanas, as ciências, o meio-ambiente... O grande objetivo é acumular bens, propriedades (=poder). A palavra chave é o progresso. A verdade é a ciência.
Vivenciamos a era de especialidades, de fragmentação. O ser humano deixou de ser um todo para ser partes. Para dor de cabeça há o neurologista, para a dor de coração, o cargiologista, para a depressão, o psicólogo, para os “desejos”, o mercado. Nesse emaranhado de ciências, de novas especializações que consideram o ser humano um ser mecânico, quem “cuida” da teleologia do ser humano? Exemplificando, é como se tivéssemos quebrado um copo e cada qual se ocupasse com apenas um dos cacos. O caco do copo não é o copo, ele é apenas uma parte do copo. E o copo deixa de cumprir sua finalidade quando é caco.
Antropologicamente falando, o ser humano, segundo Lima Vaz, é pessoa. E pessoa é a totalidade das categorias de objetividade, de subjetividade e de transcendência. Ao considerarmos apenas uma dessas categorias estaremos vendo parte do ser humano e não o todo.
As relações que surgem nesse processo também são relativas e fragmentárias. Pois além de ver somente as partes, também são fundamentadas no econômico. Conseqüentemente, tudo vira mercadoria. E a relação sujeito-sujeito é substituída pela relação sujeito-objeto.
2. Busca da Transcendência
Neste contexto, busca-se na religião um espaço de reconhecimento e de conforto. Para elucidar essa minha idéia exemplificarei. Uma mãe de família, desempregada, casada com um operário e com dois filhos adolescentes. A renda familiar não é mais suficiente para suprir as necessidades básicas da família. E como todo mãe, quer dar para os filhos estudo, profissão... e a cada dia vê isso se tornar impossível. A mãe começa a ficar doente e procura um Pronto Atendimento. O médico mal a olha, e a escuta o mínimo possível, pois tem muita gente a atender ainda. Em cinco minutos receita um remédio. E está encerrada a consulta.Quando chega em casa a vizinha a convida para ir a Igreja. Chega lá é acolhida por todos, o Pastor a escuta, dá uma benção, motiva a comunidade para uma corrente de oração e ainda a visita na sua casa. Em poucos dias a mãe melhora. E eternamente fica agradecida ao Pastor, pois ele realizou o milagre da cura.
O exemplo é simples, mas demonstra, como o fenômeno religioso que presenciamos atualmente é a busca pela totalidade do ser humano.
O ser humano é um ser de busca, de sede do infinito, quando isso é sufocado de alguma maneira, em algum lugar estoura. E é o que está acontecendo. Vemos infinitas religiões, seitas surgirem com o objetivo de salvar o ser humano. No entanto, também esse fenômeno está dentro da lógica de fragmentação, pois não considera o todo do ser humano, mas apenas a sua dimensão transcendente. E ao considerar apenas uma das dimensões humana se torna reprodutora do sistema, tornando-se um mercado que oferece um produto que está em falta e que concorre com os outros fornecedores. Conseqüentemente, para garantir o seu espaço manipula e domina. Quando deveria ser o espaço de encontro, de vivência com o mistério, do descobrir-se humano, do celebrar a vida, da libertação.
Para concluir, gostaríamos de citar Staccone: “ O Ser humano não se basta a si próprio, pois desde as primeiras e mais remotas manifestações de sua atividade intelectual saiu à procura do Outro Infinito. [...] O ser humano moderno não basta-se a si mesmo. Ele também tem sede do infinito e do encontro com o totalmente Outro que busca angustiado, mesmo sem o saber. No caminho, o mais angustiante é caminhar sozinho, sobretudo quando o terreno que pisamos é desconhecido. E o caminho para Deus se faz na solidão e sem rumos predefinidos, cabendo à razão não maltratar o mistério”
[1] KOLLING, João Inácio. Religião e Pós-Modernidade. Passo Fundo: Berthier, 1994.
domingo, 18 de novembro de 2007
Deus nao é maniqueista
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Sensibilizando Deus...

terça-feira, 6 de novembro de 2007
Um novo velho continente
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
dia de todos os santos
Eu nunca vi muito menos convivi com um santo ou santa, desses que a gente veh nos altares, nas Igrejas, ou seja, que sao oficialmente santos.
Mas seriam esses os unicos verdadeiros santos?? Parece obvio que nao. A santidade nao consiste somente em fazer coisas extraordinarias ou sofrer o martirio. Santidade eh fazer com amor as coisas ordinarias da vida, do cotidiano.
Por isso com certeza, eu ja convivi com pessoas santas. Entre elas esta a minha mae.