quarta-feira, 30 de julho de 2008

O pobre e a pobreza, eu e a certeza (segurança)...


Nos dias 26 a 29 de julho um grupo de professoras da Rede La Salle concluiu seu programa de formacao. E o desafio era de construir um projeto de vida fazendo uma experiencia de insercao com os pobres. A casa escolhida foi o CEPA (Centro de Espiritualidade Padre Arturo) do bairro Santa Marta em Sao Leopoldo.
A mim coube a nobre missao de coordenar esse retiro. Nao foi um retiro na acepcao tradicional do termo - uma "fuga mundis" - mas ao contrario um mergulho no mundo do pobre.
Entre as muitas aprendizagens gostaria de partilhar apenas uma:
Eh impressionante como nos - os nao pobres - temos dificuldades para entender os pobres. Estou convencido de que grande parte dessa dificuldade provem das nossas certezas e segurancas. Certeza de que nao vai faltar luz, agua, comida, escola, roupa, internet, chuveiro eletrico, dinheiro... certeza de quando chove a casa nao alaga, a goteira nao aparece e o sapato nao vai sujar de barro...
Nao seriam as nossas segunrancas as responsaveis pela imcompreensao e julgamentos que fazemos do pobre? Por isso para "quebrar esse paradigma" nada melhor do que fazer a experiencia que o pobre faz com frequencia. Foi isso que tentamos fazer nesse fim de semana...
Cada um teve que se desarmar, abrir mao de suas certezas e segunrancas e mergulhar no mundo do pobre e da pobreza...

4 comentários:

IGC.Brasil disse...

Olá! Aqui quem tecla é o desnutrido brasileiro em Moçambique, vulgo Isaque Grêmio Corrêa.

A sacada do texto é que "grande parte [da] dificuldade [em entender os pobres] provem (sic) das nossas certezas e segurancas" (sic). Alguém discorda disso? Eu não!

O que posso dizer a partir do texto, segundo minha leitura superficial, é: não se 'entende' uma situação social de modo profundo 'fingindo (sem maldade no termo) ser isso ou aquilo'. Isso ajuda, sem dúvida, segundo meu achar, a entender, mas por si só, não.

A experiência de fingimento (mímese grega) pode levar à catarse (sentir-se o outro), o que dará uma sensação nova, que por si só não 'explica' nada para haver entendimento de uma dada situação. O que vai levar a um entendimento será uma reflexão (a partir da experiência memética), penso.

Assim, Moa e todos, concordamos plenamente quando diz que "nossa falta de entender os pobres" se dá "em grande parte" (portanto, não no todo) em possuirmos certas seguranças. E eu simplesmente aqui disse, portanto, o restante, qual seja: a reflexão.

E óbvio, não será qualquer reflexão que levará a um entendimento do caso. Dependerá, no mais, das opções, inclinações do grupo pensante (ou pelo menos do assessor!).

Antes de finalizar, penso que devia se diferenciar, no texto, o 'pobre pobre' mesmo (vulgo miserável) do 'miserável pobre', pois nem todo pobre passa por incertezas de tais direitos básicos citados (aliás, essa certeza ou não é um item na mensuração da pobreza de um país! é um referencial sociológico!!! Eu li isso uma vez.).

OK. Falow. Isaque G. Correa

Anônimo disse...

Porra esse Isaque Gremio Correa, escreve bonito, heim! Traduziu meu pensamento.

Moa muito interessante a experiencia, no entanto, como sentir-se um deles, sem ser um deles? é como falar da cultura de um pais sem nunca a experienciar... A teoria esta muito longe da realidade...O outro dia li um artigo sobre a invisibilidade publica, resultado da tese de doutorado de um professor, no qual ele por um periodo longo fingiu-se de gari de uma universidade de Sao Paulo. Simplesmente formidavel! Nos nao enxergamos o outro. Nos enxergamos o que ele faz. Seres Humanos sao identificados pelo seu ter e naum pelo seu ser.

Sabe na verdade eu queria entender alguns valores criados pela sociedade moderna, tao sofisticados e tao longe da felicidade.

Devemos sim, reinvindicar para que todos tenham os direitos basicos a vida assegurados, no entanto nos sentirmos superiores a eles é prepotencia. POis podemos ter uma casa sem goteira e ao mesmo tempo naum sabermos o nome do vizinho da porta da frente!

Sei la ja viagei demais nas palavras...

Um super beijo dessa pobre extracomunitaria!

IGC.Brasil disse...

Olá, nara!

Que legal essa experiência a que se propôs o doutor que mencionaste. Gostaria de ler um pouco sobre isso... Podes me mandar o nome dele, do artigo, enfim, algo a partir do que eu possa saber um pouco mais? Pode?

Obrigado e bjão!



IGC

Alamara Souza disse...

Estou ansiosa para chegar nesta etapa Irmão. Ainda falta um bocado, mas gostaria muito de participar desta experiência e poder compreender, de fato, o que o senhor quis dizer com "entender os pobres", muito embora esta certeza a que o senhor se refere, não seja uma cosntante no meu cotidiano.
Isso me faz pensar em uma coisa...
Mas isso estará no meu blog.